terça-feira, 26 de outubro de 2010

gravação do clipe da música O GRANDE TAMBOR do Mestre Paraquedas

"O Sopapo quase foi esquecido. Pra mim, hoje, ele representa a cultura mais verdadeira do Rio Grande do Sul. Na quinta-feira, 21 de novembro, estivemos no Ponto de Cultura Ventre Livre para gravar o videoclipe da múscica O Grande Tambor, de autoria do Mestre Griô Paraquedas. A música vai fazer parte de um documentário de mesmo nome¹ que resgata a história e a cultura deste instrumento de percussão típico do sul do Rio Grande do Sul, que remonta a época das charqueadas e foi presença importante nos carnavais de Pelotas e Rio Grande entre as décadas de 40 a 70 aqui no estado.
(...)
Já não somos os mesmos, estamos cada vez mais livres, independente de sermos negros, índios, brancos, Catarse, Bataclã, Afro Sul...somos brasileiros descobrindo o que constitui nossa bagagem cultural, do que somos feitos realmente. Isso é libertador e nos dá a energia para seguirmos adiante...

Leia o texto inteiro no blog da Bataclã FC, clicando aqui.
Texto de Têmis Nicolaidis (VJ da Bataclã FC, coordenadora do Ponto de Cultura Ventre Livre e editora do filme O GRANDE TAMBOR)





fotos de Têmis Nicolaidis

 
O Grande Tambor
(música do Mestre Paraquedas)

Negro Sopapo
Parece trovão
Batendo no couro
Sangrando a mão

Grande Tambor
Que vem lá do Cativeiro, da charqueada, do terreiro
É mina, é batuqueiro

Ecoa no céu, retumba no mar
O grande tambor pelotense
É Gege, é Nagô, é raiz
Cultura pura africana
Na sua essência, na sua matriz


Técnico de Som:
Marcos Farias (Marquinhos)

Voz:
Eugênio da Silva Alencar (Mestre Paraquedas)
Liliane Escoto da Silva (Lil)
Richard Serraria
Sarah Brito

Tambores:
Lucas Kinoshita
Nego Vado
Paulo Romeu
Valder Rocha (Sapo)
Paulo Mallet

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mestre Paraquedas na Trilha do Documentário

O mestre Griô, "Eugênio da Silva Alencar, conhecido como Mestre Paraqueda, de 73 anos, é músico, compositor, poeta, desenhista, um contador de histórias. Vivenciou os chamados territórios negros em Porto Alegre: nasceu na região de Alto da Bronze, morou no Areal da Baronesa, no Menino Deus, dentre outras regiões da cidade que concentraram os descendentes de africanos. A ligação com o samba veio através da família, que costumava tocar e cantar em festas, nos finais de semana. Começou a compor por volta dos oito anos, na metade da década de 1940. Seu apelido veio de quando serviu ao Exército como para-quedista. Foi assim que conheceu o Rio de Janeiro e lá conviveu com o cotidiano da Escola de Samba Portela. Participou também dos ranchos da Unidos da Vila Valqueire. Sua relação com o carnaval é muito forte. Compôs mais de 60 temas, sendo que 40 viraram sambas enredos de diferentes escolas de Porto Alegre. Fundou diversas sociedades carnavalescas da cidade como o Comandos do Morro, o Sambão, o Samba Puro, Unidos da Conceição, dentre outras. Como desenhista, construiu diversas alegorias para estas sociedades e escolas de samba. Gravou muitos sambas enredos dos carnavais de Porto Alegre e teve outras músicas gravadas por outros intérpretes. Uma destas, chamada “É morro, é favela, é gueto, é quilombo” foi censurada pela ditadura militar. Sua trajetória é marcada pela resistência das culturas populares, da negritude do pampa, municiada pela música e poesia."*

Mestre Paraquedas nos brindou com composição feita especialmente para o documentário "O Grande Tambor", e ontem a noite um grupo especial de músicos (Paulo Romeu, Wado, Lucas Kinoshita, Cal e o próprio mestre) se reuniu no Ponto de Cultura Odomodê com a missão de harmonizar esta música. Eis o resultado:



A gravação da música para a trilha vai ser semana que vem, no Ponto de Cultura Ventre Livre.

*Texto: Caiuá Al-Alam, Pesquisador.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O SOPAPO E O CABOBU: a invenção de uma tradição percussiva no extremo sul do Brasil

"O Sopapo, tambor de grandes dimensões encontrado em Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, é cercado por incertezas quanto as suas origens e circulação. Produto da reconstrução diaspórica dos escravos das Charqueadas em Pelotas, no século XIX, foi amplamente usado a partir da década de 1940 em escolas de samba nestas cidades. O tempo promoveu uma migração do instrumento para outros contextos. Artistas /grupos musicais se apropriaram do instrumento no final da década de 1990, ressemantizando sua sonoridade e conferindo status diferenciado ao Sopapo, como elemento identitário e ideológico.
O Projeto CABOBU, idealizado pelo músico Giba-Giba e realizado em Pelotas em 2000
e 2001, foi responsável pelo ressurgimento do Sopapo e por esta recontextualização. Através de uma oficina de construção do instrumento, quarenta Sopapos foram doados aos músicos participantes, entre eles Naná Vasconcelos e Djalma Corrêa, culminando com uma bateria composta por Sopapos, num festival de três dias com palestras sobre a cultura musical afrobrasileira e shows onde o Sopapo estava presente em todas as apresentações, numa grande Festa dos Tambores."


Esta é a introdução do projeto de doutoramento (UFRGS) de Mario de Souza Maia, que você pode ler integralmente clicando aqui.