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domingo, 6 de março de 2011

Tambor de Sopapo é destaque no carnaval de Porto Alegre



"O Sopapo foi amplamente usado a partir da década de 1940 em escolas de samba nestas cidades (Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre*). O tempo promoveu uma migração do instrumento para outros contextos. Artistas /grupos musicais se apropriaram do instrumento no final da década de 1990, ressemantizando sua sonoridade e conferindo status diferenciado ao Sopapo, como elemento identitário e ideológico.
O Projeto CABOBU, idealizado pelo músico Giba-Giba e realizado em Pelotas em 2000
e 2001, foi responsável pelo ressurgimento do Sopapo e por esta recontextualização. Através de uma oficina de construção do instrumento, quarenta Sopapos foram doados aos músicos participantes, entre eles Naná Vasconcelos e Djalma Corrêa, culminando com uma bateria composta por Sopapos, num festival de três dias com palestras sobre a cultura musical afrobrasileira e shows onde o Sopapo estava presente em todas as apresentações, numa grande Festa dos Tambores."


O texto acima, retirado da introdução da tese de doutado do etnomousicólogo Mario de Souza Maia, é um excelente contextualizador da cena cultural que gerou o projeto "Tambor de Sopapo"do Coletivo Catarse, desenvolvido durante o ano de 2010. Quando elaboramos o projeto, já vínhamos acompanhando e também ajudando a articular ações de resgate do tambor, como o desfile da escola de samba Bambas da Orgia em 2009, que devolveu o sopapo ao carnaval de Porto Alegre após 30 anos de ausência.

Quando começamos nossas filmagens para o documentário "O Grande Tambor", partimos da construção da identidade do Tambor de Sopapo e sua relação com o carnaval, o grande carnaval de Rio Grande, Pelotas e posteriormente Porto Alegre, que ocorreu entre 1940 e 1970. Constatamos que a sua retirada do carnaval e quase completa extinsão, tem relação direta ao declínio do carnaval do RS e à invisibilidade que a cultura negra possui na construção de identidade gaúcha, representada pelo positivismo branco.

Neste contexto, fica ainda mais relevante o que a escola de samba de Porto Alegre "Império da Zona Norte" fez no carnaval deste ano, levando o músico e ativista cultural Zé Evandro como destaque na bateria, tocando um Tambor de Sopapo. A bateria nota 10 que é comandada pelo grande Sandro Gravador, garantiu mais uma vez que este instrumento volte a fazer parte da maior celebração brasileira, que é o carnaval. Ações como esta trazem o sopapo de volta não somente à avenida, mas também à memória coletiva do estado do RS.

Abaixo vídeo da bateria no sambódromo de Porto Alegre:




*N.E.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

lançamento de A PRINCESA É UMA SENHORA

A PRINCESA É UMA SENHORA, música de Richard Serraria e Marcelo (da Redenção) Cougo, parte da trilha sonora do Projeto Tambor de Sopapo, teve seu lançamento na RádioCom (Pelotas-RS). A equipe do Coletivo Catarse, acompanhada do Mestre Baptista, esteve ao vivo batendo um papo sobre o documentário O GRANDE TAMBOR, que tem o patrocínio do IPHAN.

Faça o download da entrevista, clicando aqui.


Assista alguns clipes das versões anteriores da música A PRINCESA É UMA SENHORA, clicando aqui.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pássaro Azul, o maior tocador de sopapo de Rio Grande


A Catarse esteve em Rio Grande e entrevistou a Poróca, filha do Pássaro Azul e o tio Valter, primo do passáro, com 80 anos, que tocou com ele no carnaval. Adão, o Pássaro Azul, foi o mais conhecido tocador de sopapo de Rio Grande. Tocava nas mariquitas, uma das primeiras escolas de samba do estado, o tambor de sopapo. Segundo o tio Valter, só ele que tocava naquele instrumento, pois tinha uma habilidade e fazia a diferença no som da escola. "Era possível ouvir de longe o sopapo do Pássaro quando a escola vinha chegando", segundo o primo que tocava prato junto dele. Era um negro de 2 metros de altura que travava duelos com o Boto, tocador de sopapo da Academia do Samba de Pelotas. Era comum naquela época, as escolas de Rio Grande desfilar em Pelotas.

fotografia de Passáro Azul (alto à direita) com a família

Poróca nos contou que o sopapo Rio Grande era feito com as madeiras provenientes de barris, como os de vinho, que era comum na cidade portuária. Ele era como uma grande cubana, ou um grande atabaque, feitos por um taloeiro e preso com tiras de ferro. Mas era maior que estes tambores tradicionais, tinha mais de um metro de altura e, segundo o tio Valter, a boca era grande e o som era extremanmente grave.



Publicado por Sérgio Valentim
Fotos: Leandro Anton/Quilombo do Sopapo

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O mercado de escravos em Rio Grande - RS

O Coletivo Catarse está em Rio Grande desenvolvendo o Projeto Tambor de Sopapo e entrevistou André Brisolara no mercado do peixe onde era feito o comércio de negros escravizados na época das charqueadas. A maioria destes escravos chegava pelo porto de Rio Grande e eram acorrentados nas colunas do mercado para serem expostos à venda.



André nos contou que os escravos eram lavados ali em frente e acorrentados nestas argolas, onde ficavam em exposição para o comércio. Uma legítima feira de escravos no tradicional mercado público de Rio Grande.







Publicado por Sérgio Valentim
Fotos: Leandro Anton/Quilombo do Sopapo

sábado, 6 de março de 2010

Método prático e eficiente para captação de sopapo



Use dois microfones na captação de Sopapo: um eletrovoice (usado para bumbo de bateria, por exemplo) para captar freqüências graves na parte debaixo do instrumento e outro condensador na parte superior para captar a palma da mão. Deve-se colocar o instrumentista numa cadeira de pé, ótima medida para o resultado final pois a saída inferior de ar do instrumento precisa de espaço em relação ao chão para circulação das freqüências de graves e para que o microfone não seja atingido durante o toque do instrumentista (o que ocorre com facilidade se o instrumentista é posto na posição de pé dentro do estúdio, como se estivesse na avenida ao nível do chão ou num palco com os pés no assoalho). O uso da cadeira resolve isso assim como a possibilidade de o instrumentista tocar acavalado/sentado sobre o sopapo, boa alternativa também. Tome cuidado ainda com o ar condicionado pois vai interferir na afinação do instrumento, visto que a pele é de couro de cavalo ou gado, o que varia bastante com a variação de temperatura. Se precisar afinar às pressas pode ser feito com ferro de passar roupa junto com uma toalha ou secador de cabelo perto à parte superior do instrumento. A forma adequada é através de uma chave nº 13 para afinação conforme explicação do Mestre Batista, batendo com um martelo no aro superior sobre os parafusos grandes que ficam presos aos rebites de ferro e apertando os parafusos com a chave. Nesse caso, a ciência é o ouvido, a percepção da sonoridade que se quer tirar do instrumento. Batista sugere uma parelha de quatro sopapos, por exemplo, afinados cada um num tom: A (lá), C (dó), E (mi) e F (fá); montando assim o acorde de F7M. Talvez isso e certamente muito mais você vai ver com detalhes no documentário que está sendo produzido pelo Coletivo Catarse e Bataclã FC, com finalização e lançamento ainda em 2010: por exemplo, a ação mágica de um pedacinho de compensado com um martelo, todos juntos e sobretudo com um ouvido dotado de uma sabedoria ancestral constituem o peculiar kit de afinação de Mestre Batista. "O pulo do gato", diria o griô nascido no bairro Fragata em Pelotas e morador hoje do bairro Santa Terezinha, Rua São Jorge. O pulo do gato: um dentre muitos outros, digo eu.

Voltando às dicas de gravação: depois na mixagem pode-se juntar os dois canais (gravados separados com 2 microfones diferentes) ou até usar pistas separadas dependendo do que se quer no arranjo da canção (se for o caso). Microfone da parte superior para células rítmicas mais recheadas de semínimas com uso das bordas do instrumento ou microfone inferior para marcação (surdo de 1ª) no centro do sopapo. Na foto de Richard Serraria, Alessandro Brinco (mestre de bateria dos Imperadores do Samba) gravando terceiro disco da Bataclã FC na Tec Áudio, janeiro de 2010. As dicas acima são fruto de uma experiência em estúdio ao longo desses 11 anos de trabalho ininterrupto (desde 1999 quando estivemos no Colégio Pelotense nas primeiras oficinas de construção dos 40 sopapos para o Cabobu, em que trouxemos o primeiro exemplar de sopapo à Bataclã FC) com o instrumento secular das charqueadas adaptado ao contexto de uma banda de rock.

Por Richard Serraria, domingo 7 de março de 2010.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Repercussão da Rede Sopapo no Fórum Social das Periferias

Reportagem tirada do site 3o. Milênio

Até agosto serão lançados quatro DVDs. Trata-se de documentário sobre o instrumento de percussão Sopapo. A informação é do músico e poeta Richard Serraria, que esteve participando do Fórum Social das Periferias em fevereiro. No Loteamento Dunas houve a inclusão da Casa Brasil – sediada no Comitê de Desenvolvimento do Dunas (CDD) – na Rede Sopapo. Conforme Richard, desde dezembro está organizada rede cujo objetivo é resgatar a história e valorizar o tambor considerado como patrimônio nacional. Lançada em Porto Alegre, a Rede teve início reunindo o Ponto de Cultura Ventre Livre, Coletivo Catarse de Comunicação e o Quilombo do Sopapo. Conforme Richard – músico que já recebeu quatro prêmios Açorianos -, a ideia é prosseguir ampliando a Rede através de adesões comprometidas com a cultura da comunidade negra.

DOCUMENTÁRIO está sendo viabilizado através de recursos do Ministério da Cultura. Nos DVDs, diz Richard, constarão desde pesquisa histórica, cartilha com os toques, partituras e uma demonstração acerca da confecção do instrumento. Para o trabalho de “luthier”, a equipe contou com a colaboração do Griô “Mestre Baptista”. Em 1999, Baptista ministrou oficinas de confecção do tambor, iniciativa que integrou o então projeto Cabobu. Idealizado pelo músico pelotense Giba Giba, o Cabobu teve duas grandes celebrações públicas em 2000. Após dez anos, no entanto, o “Sopapo” foi novamente sendo esquecido. Com a Rede, porém, ressurge fortalecido pela mobilização de lutadores sociais.

HISTÓRIA – O pesquisador Adão Monquelat está oferecendo novas fontes para a compreensão da formação histórica de Pelotas. Em seus dois livros recentes “Notas à margem da história da escravidão” e “Senhores da carne – charqueadores, saladeristas e esclavistas”, o autor questiona narra safadezas dos vultos sacralizados pela história oficial. Richard esteve em contato com Monquelat e foi informado sobre uma possível origem uruguaia do Sopapo. Através de dicionário publicado em Montevidéu, o músico encontrou dados acerca de tambor “gigante” usado no Candombe. São informações que remontam ao século 18. Assim, anteriores ao relato do historiador Carl Siedler de 1820, que seria o autor do primeiro relato sobre a música em Pelotas.

Rede Sopapo no Fórum Social da Periferia

Foto: Leandro Anton/Abril de 2009

A Rede Sopapo, criada para resgatar o Tambor de Sopapo e sua contribuição cultural, celebra a adesão da Casa Brasil e da banda Bataclã FC, no dia 05 de fevereiro, às 17h, durante o Fórum Social da Periferia, que será realizado em Pelotas / RS.

O Fórum Social das Periferias é uma iniciativa da Uniperiferia / Rede Periferias, identificada com o empoderamento autônomo e sustentável de comunidades e grupos sociais em situação de desfavorecimento. A atividade da Rede Sopapo será transmitida ao vivo pelos sites do Coletivo Catarse, da Rede Vidadania e Bataclã FC.

Para a Rede Sopapo trazer à tona a história deste instrumento é de interesse de toda a sociedade, pois traz consigo o registro material da existência do negro e sua contribuição cultural em uma região dominada pela predominância do positivismo branco.
Esta rede constitui-se, então, a partir da articulação de um conjunto de realizações já em andamento e projetadas para o futuro. Nesse sentido, integram-se diversas instituições em uma teia de relações que visa a tão somente fortalecer e potencializar ações de promoção da identidade do negro nesta região do Brasil.
Atualmente participam da Rede Sopapo o Coletivo Catarse, os Pontos de Cultura Quilombo do Sopapo, Ventre Livre, Teia Viva e o Movimento de Apoio ao Mestre Batista.

Tambor de Sopapo está na raiz da história do extremo sul do Brasil. Desde as charqueadas até o embalo dos carnavais de rua de Pelotas e de avenida em Porto Alegre. No entanto, a partir dos anos 1970, o processo de carioquização do carnaval brasileiro fez com que este instrumento de difícil construção e de grande porte fosse substituído por instrumentos conhecidos como surdos, também de sonoridade grave e com processo de construção insdustrializado. Como resultado, o tambor de sopapo esteve em vias de extinção, iniciando-se um resgate no ano de 2000, através de iniciativas como o Projeto CABOBU.

A banda Bataclã FC atua politicamente através de sua força expressiva e musical, entendendo a arte como veículo de transformação social sobretudo. Mestiçagem musical: rock, rap, samba gaúcho, peso, conectividade, poesia, trabalhando ainda com o ativismo musical; eis as ferramentas de transformação.

As atividades do Fórum Social das Periferias acontecerão em Pelotas, entre os dias 3 e 7 de fevereiro de 2010, nas estruturas existentes no entorno do CDD - Comitê de Desenvolvimento do Dunas (Incubadora / Projeto Casa Brasil, Estádio Esportivo, Centro Comercial, Escolas, Associação de Bairro e Comunidade Católica), na Av. Ulisses Guimarães, 2057 - Loteamento Dunas.